15/05/2014 - REFLEXOS DA BOLHA CHINESA
O jornal Financial Times, através
do seu correspondente de Pequim, Jamil Anderlini, transmitiu esta semana que a
economia chinesa parece que está engasgando, conforme evidências de que uma
bolha imobiliária estaria prestes a estourar. Em quatro meses deste ano, as
vendas de imóveis caíram 7,8%, em relação há um ano. As obras recentemente
iniciadas se reduziram em 22,1%, na mesma relação comparativa. O jornal Valor
Econômico de ontem refere-se que de 2011 a 2012, a China produziu mais cimento
do que os Estados Unidos em todo o século XX, baseados em estatísticas dos dois
países. Isto é, deve estar muito estocada da espécie. Ademais, reporta-se ainda
à estimativa da Moody’s Analytics de que a construção, venda e instalação de
equipamentos em imóveis representam 23% do PIB chinês, sendo esta maior relação
do que a dos Estados Unidos, Espanha ou Irlanda. As expectativas de queda nos
preços dos imóveis e dificuldades financeiras das construtoras poderiam levar a
um desarranjo da economia chinesa. Por seu turno, o governo de lá não tem dado
sinais de tomar medidas para reverter o quadro que já está ocorrendo. Contudo,
convém lembrar que, em outros momentos periclitantes, a economia chinesa
respondeu com maior rigor de força proativa. Ou seja, em mais de trinta anos a
economia da China tem crescimento sustentável. Porém, a crise não se afasta se
não forem tomadas medidas de contornos.
O Brasil, que vem tendo um baixo
desempenho econômico, pela ineficácia de sua política econômica, frequentemente
tem aduzido a um dos fatores externos é à desaceleração na qual o Banco Central
dos Estados Unidos tem feito na compra de títulos públicos, reduzindo a
quantidade de moeda mundial, bem como de fluxos para o País. Contudo, um
provável estouro da bolha imobiliária chinesa, com a consequente desaceleração
da sua economia, é muito mais impactante, visto que hoje a China é a principal
parceira comercial brasileira. Não somente isto, o globo está se recuperando de
uma crise de mais de cinco anos. Um estouro chinês provavelmente colocaria o
mundo desenvolvido novamente em dificuldades. Entretanto, como o Brasil é uma
economia muito mais forte no seu lado doméstico, repetindo os fatos parecidos
com os ocorridos em 2008, que começou pelo estouro da bolha imobiliária
americana, o PIB brasileiro provavelmente ficaria com baixo crescimento.
Poderia piorar, ficando estagnado ou teria uma baixa taxa recessiva, como
aconteceu em 2009, que foi de – 0,3%. Em síntese, o quadro prospectivo não é
bom, neste instante, para o Brasil.
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