17/09/2013 - VULNERABILIDADE EXTERNA
Um país se encontra vulnerável à
economia internacional quando precisa recorrer ao capitais externos com o fito
de fechar suas contas do balanço de pagamentos. Quatro situações se apresentam.
A primeira, quando a Balança Comercial é positiva, mas o Balanço de Serviços é
negativo, havendo saldo neste maior do que naquela, obrigando o país a recorrer
a capitais externos. A segunda, quando a Balança Comercial é negativa e o
Balanço de Serviços é negativo, as dificuldades ficam enormes para captar
recursos internacionais. A terceira, quando a Balança Comercial é negativa, mas
o Balanço de Serviços é positivo, havendo saldo maior neste. A situação não é
de dificuldades. Quarta, havendo saldo menor no Balanço de Serviços, então haverá
dificuldades. As duas primeiras situações se verificaram com o Brasil. As duas
últimas com a Espanha, a qual não se pretende agora examinar.
A primeira situação tem sido
apresentada pelo Brasil nos últimos doze anos, vindo sendo deteriorada gradativamente
nos últimos cinco anos. A segunda situação foi de um passado que se pensou que
o Brasil teria superado, quando o obrigou a mais de uma vez a recorrer ao Fundo
Monetário Internacional.
O relatório do Banco de
Compensações Internacionais (BIS), divulgado na última semana, apresenta que a
deterioração das contas externas das nações emergentes, como o País, provocou
desvalorizações das moedas domésticas em relação ao dólar, ocasionando
intervenções dos governos em seus mercados cambiais. O BIS considera que o
Brasil é o país que apresentou a pior piora entre os emergentes, tais como a
Índia, a Indonésia, a África do Sul e a Turquia, no que se refere ao déficit
externo.
No Brasil, o déficit de US$9
bilhões, em julho, no Balanço de Transações Correntes projeta a necessidade do
País precisa fechar seu Balanço de Pagamentos com cerca de US$75 bilhões, cifra
de difícil captação, o que gera desconfiança dos investidores internacionais na
boa condução da atual política econômica. O governo federal continua a culpar a
economia internacional, ora seja pela queda dos preços das matérias primas, ora
pela redução das exportações nacionais. Todavia, depois de 10 anos que o PT
está no poder, o seu ex-presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles,
que ficou oito anos da era Lula, em entrevista ao jornal “O Estado de São
Paulo”, declarou: “Passamos a ter uma vulnerabilidade, a competitividade
externa está sendo corrigida pela taxa de câmbio”. Em palavras menos técnicas,
o referido ex-presidente do BC, durante a sua gestão trabalhou com o real
valorizado, haja vista que havia bons ingressos de dólares ao Brasil, fazendo
um colchão de hoje cerca de US$360 bilhões. Porém, com déficit externo
crescente, o real já se desvalorizou 20% neste ano, a maior desvalorização entre
os países emergentes, sendo esperadas grandes dificuldades pela frente.
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