02/08/2013 - RESGATE DA MEMÓRIA
Talvez uma das maiores e antigas
promessas econômicas feitas no Brasil seja a de Dom Pedro II, que tomou
conhecimento da seca de 1870, prometendo vender até as últimas consequências as
joias da Coroa, objetivando acabar com a seca no Brasil. Antes, pode-se ser
referida a Tarifa Alves Branco, a luta dos industrialistas, Mauá, dentre
outros, que pontuaram o século XIX, depois da Independência de 1822, mediante
sonho do Brasil ser considerado um país desenvolvido. Depois da República, em
1889, a palavra mágica seria fazer o planejamento econômico brasileiro. Em
1939, por força de acordo com os Estados Unidos, para proteção contra ataques
dos nazistas, fez-se o Plano de Obras no litoral. Todavia, somente em 1949,
surgiu o primeiro plano econômico global, o Plano SALTE. Sucederam-lhe grandes
planos nacionais, globais, a exemplo do Plano de METAS, TRIENAL, PAEG, PED, I
PND, II PND, III PND, CRUZADO, CRUZADO II, BRESSER, VERÃO, COLLOR, COLLOR II,
REAL. Um ponto em comum de quase tudo que se planeja no Brasil é não ser
apurado o final. Planejou-se, fez, fez pouco, fez muito, não fez, fica para o
passado. Portanto, não existe planejamento estratégico no Brasil. As obras
públicas, em geral, estouram, em muito, os orçamentos. Também é comum a
desmedida burocracia, superfaturamento, propina, demais desvios, descaso, que
ficam praticamente impunes. Pouquíssima coisa fez resgate da memória nacional.
“Há 70 anos em obras. E ainda não
terminou.” Este é o título da coluna Só no Brasil, da revista Exame, datada de
04-09-2013. “Quando a BR-156, no Amapá, começou a ser construída, o presidente
do Brasil era Getúlio Vargas. Nossa moeda era o cruzeiro e a guerra em que o
País estava envolvido não era metafórica, como a de hoje, contra os altos e
baixos da taxa de câmbio. O Brasil havia acabado de entrar na Segunda Guerra
Mundial. Faz exatos 70 anos que se abriram as primeiras picadas para dar lugar
à rodovia de 812 quilômetros, cortando o Amapá de sul a norte até o rio Oiapoque,
na fronteira com a Guiana Francesa” ... “Desde que ganhou as primeiras camadas
de asfalto, em 1976, apenas 284 quilômetros foram pavimentados, ou seja, dois
terços do percurso permanecem de terra. Isso significa que, na média, a BR-156
teve 7,6 quilômetros asfaltados por ano nos últimos 37 anos ou 21 metros por
dia”, segundo o escritor da referida coluna Patrick Cruz.
A todo momento, há discurso se
reportando aos antecedentes do que se quer executar, em termos de obras
públicas. Entretanto, ficaram prontas ou não, no tempo previsto ou não, no
orçamento proposto ou não, foram entregues ou não, dificilmente se faz um
resgate da memória nacional.
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