17/10/2019 - MAIS DESIGUAL NA CRISE E NA ESTAGNAÇÃO
O IBGE divulgou ontem os dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) com análise comparativa da distribuição
de renda com as pesquisas anteriores mais completas, que retrocedem até 2012.
No entanto, foi possível tirar algumas conclusões também com dados de pesquisas
desde 2001. O medidor aceito internacionalmente como de concentração de renda,
o índice de Gini, caiu desde 2001, retornando a crescer depois de 2014, data do
início da severa recessão. Retirado do
artigo de hoje de Miriam Leitão, no jornal O Globo, intitulado “Os novos
números a desigualdade”, tem-se: “A má notícia completa: o Brasil, que sempre
foi desigual, ficou ainda mais desigual na crise e o problema pode estar subestimado.
A boa notícia é que o IBGE vem melhorando suas estatísticas ao englobar não
apenas a renda do trabalho, mas várias outras rendas no cálculo, como
aposentadorias, pensões, doações, aluguéis. Outra boa notícia ... é que o PNAD
de 2018, divulgado ontem, o órgão recuou esses dados mais completos até 2012, o
que dá uma série para comparação. Ele (IBGE) chama a atenção para o fato de que
a tabela de 2017 para 2018 revelou que a renda dos 30% mais pobres caiu, em
termos reais, e a dos mais ricos aumentou, sendo que subiu mais para quem está
no grupo do 1% mais rico: - São duas coisas preocupantes. A renda do trabalho
dos 30% mais pobres cair significa aumento da pobreza, ou seja, não só a
recuperação está sendo muito tímida como ela não está chegando aos mais pobres,
pelo contrário, eles estão piorando. Por outro lado está sendo muito bom para o
1% mais rico, mesmo que não se tenha o rendimento de capital. O Brasil está
indo na contramão do que precisa, alerta Pedro Ferreira de Souza (economista do
IPEA). E quando se vê a renda estagnada e a desigualdade aumentando, sem qualquer
perspectiva de uma retomada economia sustentada, firma-se a ideia de que está é
outra década perdida... Por que o Brasil é desigual assim? Nisso não há
surpresa. Ele lembra que o país tem acesso desigual à terra, teve escravidão,
errou na urbanização , nunca investiu o suficiente em educação, em saneamento,
sempre teve um sistema na proteção dos grandes conglomerados, favorecendo
grandes empresas com subsídios e empréstimos para setores privilegiados. ‘Seria
estranho se não fosse desigual’, diz o economista”.
As discussões ontem e hoje tem
sido pelas desigualdades terem se aumentado. Porém, no capitalismo é assim,
principalmente num país de capitalismo tardio como é o Brasil, onde há grandes segmentos
empresariais de tecnologias atrasadas, elevada dívida pública, déficits
primário e nominal (este, secular). Portanto, é muito difícil restaurar o bom
crescimento. Porém, há um consenso de que ele será retomado com as reformas
estruturais em lento curso, dado a rigidez de relacionamento entre os poderes
Executivo e Judiciário.
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