24/04/2019 - FASES DOS CICLOS ECONÔMICOS
A referência bem distante do que é o ciclo econômico está no
Velho Testamento, quando José interpretou o sonho do Faraó, de que sete vacas
magras sairiam do rio Nilo e devorariam sete vacas gordas. José entendeu que
sete anos seriam de fartura e sete anos de contração. Na fartura, recomendou
guardar 20% da safra agrícola, para poder enfrentar os sete anos de contrição.
Assim, o Egito se defendia da ação recessiva do ciclo e se tornava a maior
potência da época. As fases do ciclo econômico são: primeiro, de crescimento,
quando atinge um ponto máximo; segundo, se estabiliza e depois cai, ou logo,
imediatamente; a queda iria se tornando forte, ao ponto de chegar a resultados incrementais
negativos, o que se chama de recessão; atingido o fundo do poço, pode-se ficar
algum tempo no vale dos prejuízos, ou, recuperar-se pouco a pouco, até voltar
ao crescimento. As fases são alternativas no tempo e nenhuma é igual à outra.
Em outras palavras, existem níveis produtivos altos, que podem levar ao emprego
máximo das forças produtivas, havendo superprodução, como aconteceu na sua
maior crise, a de 1929, quando elas começaram a desempregar em massa, para
ajustar-se ao processo de acumulação. Foram cerca de dez anos para retomar o
nível de progresso anterior, advindo desde o fim da primeira guerra mundial.
A segunda grande crise do capitalismo ocorreu em 2008. O
Brasil foi o último a entrar nela e o primeiro a sair, em 2009. Na época, a
revista britânica The Economist trouxe em capa: “O Brasil decola”, tendo o
Cristo Redentor sendo acionado por um foguete, antevendo o crescimento de 7,5%
do PIB em 2010. Mudou o governo e a presidente Dilma cometeu uma série de
equívocos, quando em 2013, a revista The Economist e referia: “O Brasil
estragou tudo”, com o citado Cristo de cabeça para baixo, com o foguete o
conduzindo ao solo, fazendo caminho inverso ao de 2009.
Do segundo trimestre de 2014 até o final de 2016 foram 11
trimestres de forte recessão. Os anos de 2017 e de 2018 foram os de saída da
recessão, mas o País só cresceu 1% em cada ano. Em artigo de hoje, na Folha de
São Paulo, o articulista Hélio Beltrão, que é presidente do Instituto Mises do
Brasil, onde se estudam os ciclos econômicos, seguindo o trabalho clássico de
Ludwig Von Mises, de 1912, na interpretação do ciclo, assim se refere: “A
notícia positiva é que, segundo a análise do ciclo, já estamos a alguns meses
na fase de retomada, após três anos depurando os excessos monetários da era
Dilma”. A análise de tendência dele é lógica, mas a retomada vem resistindo ou
adiando o seu reingresso. Cerca de cinco anos de déficits primários
desorganizou as finanças púbicas e há muito caminho ainda a percorrer. Por
exemplo, a reforma da Previdência passou ontem na Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara e existe a esperança de que seja aprovada ainda neste ano, nas
duas Casas do Congresso. Enquanto isto a economia está em compasso de espera.
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