03/04/2019 - ESTATÍSTICAS SUBISIDIAM A ANÁLISE ECONÔMICA




Durante a ditadura militar (1964-1984), os governantes tiveram acesso a um conjunto de informações que, muitas delas, não se levavam ao público. Consta que houve arrocho salarial, na medida em que se tinha elevada taxa de inflação naquele período e que os índices dela eram manipulados nos órgãos oficiais, tais como IBGE, IPEA, FVG, entidades realizando tais serviços, mas fazendo alterações que mascaravam a realidade. Foram destaques a discussão da inflação de 1973, na qual o FMI se intrometeu dizendo que ela não era de 14% como dizia o governo, mas de 34%. Ou seja, 20% a mais. Um estouro. Ou, no discurso do ministro Mário Henrique Simonsen, no início do governo de Figueredo, de que a causa da inflação fora a grande elevação no preço do chuchu, como se este fosse o mais relevante para o cálculo do custo de vida. Referidos vieses são ruins para a economia, visto que enganam à política econômica.

Dentre os disparates que o presidente Jair Bolsonaro vem dizendo, estando ele mal assessorado e falando o que quer, há dois dias, em entrevista para a TV Record, ele se referiu aos dados do desemprego que faz o IBGE como superestimadores do problema, mostrando que ele não sabe como se fazem cientificamente as estatísticas. São suas palavras: “Como é feita hoje em dia a taxa? Leva-se em conta quem está procurando emprego. Quem não procura emprego não está desempregado. Então, quando há uma pequena melhora, essas pessoas que não estavam procurando emprego procuram e, quando procuram e não acham, aumenta a taxa de desemprego. É uma coisa que me parece não mede a realidade. Parecem que são índices que são feitos pra enganar a população. Não interessam as críticas, tem que falar a verdade. Com todo respeito ao IBGE, essa metodologia não é mais correta”. Quem não está procurando emprego não entrou no indicativo de 13,1 milhões de desempregados do IBGE. Os economistas chamam estes de desalentados e foram calculados pela PNAD Contínua do IBGE em 4,9 milhões. Criticar um trabalho técnico, de nível internacional, não melhora as perspectivas para o País. Quer dizer, subsidia mal a política econômica. Isto afasta os investimentos externos e deixa incrédulos os investidores internos.

A propósito, muitas bobagens foram ditas por Dilma Roussefff, tal como aquela de que o governo não tinha meta, mas quando chegasse à meta, iria dobrar a meta. Não sem motivo foi afastada pela lei de responsabilidade fiscal e o País entrou em forte recessão. O ex-presidente Lula falou também muita bobagem, mas quando o assunto era sério, ele era bem assessorado, lia os discursos e não gerava incredibilidade como os outros dois fizeram ou fazem. A esperança é de que o presidente acredite mais na sua equipe econômica, o que parece, pouco a pouco, irá fazê-lo, para que o País promova a retomada do crescimento econômico.

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