16/04/2019 - LOGÍSTICA COM TRANSPORTES




Um país dependente de rodovias, como o Brasil, não consegue ter uma logística eficiente com transportes. Semana que passou foi evitada uma greve dos caminhoneiros, pelo presidente da República e para isso recebeu o ônus de que estava intervindo no mercado, ao contrário do que prometerá na campanha, de ser um liberal. Mas, deixar uma greve de caminhoneiros eclodir é fazer a economia voltar à recessão, visto que está praticamente em estagnação. O fato é que, na década dos anos de 1950, o Brasil priorizou as rodovias para fazer a estrutura viária atual, composta com 63% de transportes de cargas. Nos Estados Unidos os transportes rodoviários são 38% do total. Já na malha ferroviária o Brasil tem 21% e os EUA 33%. A inversão em foco se dá de forma ainda mais acentuada em países como Canadá, China, Índia, Rússia, todos de grande extensão territorial. Ocorre, contudo, que também o Brasil é o único dos gigantes a ter só uma saída para o mar, para o Atlântico, enquanto os outros gigantes citados têm saída para pelo menos dois oceanos, o Atlântico e o Pacífico. Portanto, a logística do País fica mais cara do que a dos outros países do tamanho parecido com o brasileiro, também chamados de desenvolvidos (Estados Unidos, Canadá) ou emergentes (China, Índia, Rússia). O custo de logística com transportes fica, por isso mesmo, mais alto custo no Brasil. O País perde em competitividade e precisa destravar os investimentos em infraestrutura. É urgente a busca pela saída pelo Pacífico, passando por outro país ou países vizinhos a Oeste, acordo que ainda não foi realizado, porque precisa ser construída uma estrada, como já foi objeto de negociações entre Brasil e China, durante o governo de Dilma. Mas não foi à frente com Temer e ainda não se cogita com Bolsonaro. O custo em referência também é chamado custo Brasil.

Ademais, segundo a Confederação Nacional de Transportes (CNT), 61,8% das rodovias são ruins ou péssimas. O relatório de competitividade do Fórum Econômico Mundial de 2018 colocou as rodovias brasileiras, em termos de qualidade, na posição 103 entre 137 países analisados. Considerando os modais no País, as hidrovias e ferrovias são insuficientes para compor a malha de transportes nacional.

“Não há como reequilibrar a matriz de transportes e prover maior integração dos modais sem uma política de Estado, orientada por planos de médio e longo prazo aderentes à realidade, e construído de forma conjunta com o setor privado (tal qual no Reino Unido). Aqui os governos gastam recursos consideráveis em planos sucessivos, mas distantes da realidade... Se os resultados só serão observados a médio e longo prazo, operacionalizar essa mudança deve começar de imediato, acelerando o processo de concessão” (Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B, consultoria especializada em infraestrutura, em Veja, de 06-06-2018).

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