22/04/2019 - EMPERRANDO A LAVA JATO
É sempre bom citar que a preocupação desta coluna é com a
economia brasileira, naquilo que pode se revelar como esclarecimento. A
conjuntura é a maior referência e, portanto, serve-se da mídia e do jornal de
maior circulação do País, que tem equipe competente de analistas econômicos. Os
acertos, erros e complementações poderão ser efetuados, no que couber à
competência do escriba.
A Folha de São Paulo de hoje realiza extensa reportagem de
que os doleiros identificados pela operação Lava Jato estão foragidos há cerca
de ano, dificultando a continuidade das investigações e as instruções dos
processos para julgamentos. Isto não é mais importante para a economia do País.
O mais importante é acabar com a demora pela qual se dão as investigações e seu
desfecho final. Já tem mais de cinco anos. Neste período se desmontou o esquema
de 29 grandes empreiteiras, as quais funcionavam como cartel. Isto é,
combinando produção, preços, vencedores e prazos, tornando mais caras as obras
públicas, cujos ônus são transferidos para os cidadãos. As cartelizadas foram
desmontadas com desemprego em massa e penalizadas em prosseguir com os
contratos, sendo proibidas de ingressarem em concorrência pública, salvo se
fizessem acordos de leniência com a Controladoria Geral da União (CGU). Claro,
doleiros trazem prejuízos ao não serem ouvidos e denunciarem os malfeitores.
Porém, muito pior é a construção civil ter sofrido o baque que sofreu e de
reduzida recuperação. Em cinco anos, muitas empresas estrangeiras procuraram o
Brasil principalmente as chinesas. Sem ser de um nacionalismo “chifrin”,
reconhece-se que elas teriam de ter ou de estar fora da rede de corrupção. No
entanto, muitas delas exigem que os empregados sejam da sua origem, bem como
máquinas, equipamentos e peças de reposição, que poderiam ser realizadas em
solo pátrio.
Refere-se assim a Folha: “A maior etapa da Lava Jato em
número de presos completa um ano de duração com avanços limitados na Justiça e
ainda sem localizar um grupo de réus foragidos, inclusive o seu principal alvo.
Em 3 de maio e 2018, a Polícia Federal deflagrou a ‘Operação Cambio, Desligo’,
desdobramento de investigações no Rio, que mirava uma rede de operadores
financeiros responsável por movimentar ilegalmente quantias bilionárias. A
etapa tinha o maior número de mandados de prisão preventiva, com 49 deles
expedidos em uma só fase da operação... À época havia a expectativa de que esse
novo braço de investigação desvendasse outros fronts de lavagem de dinheiro no
País ainda fora do radar da força-tarefa de Curitiba”.
Em síntese, que a operação Lava Jato é uma das melhores
coisas do País, não há dúvida. No entanto, ao ponto de os investigadores
quererem até fazer uma fundação com dinheiro da Petrobras recuperado, cerca de
dois bilhões deles, em acordo com a estatal, não parece viável. No entanto,
esta é uma prática brasileira de querer “tudo” eternizar como se fossem “cartórios”
para se constituir. É a cultura da burocracia. Se fizesse isso, o que não foi
permitido seria o “feitiço virando contra o feiticeiro”.
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