14/04/2019 - DESINDUSTRIALIZAÇÃO PRECOCE




Em 1986 a participação do PIB na indústria alcançou 27,3%. Fora um enorme esforço dos industriais, desde 1930, quando se iniciou o processo de substituição das importações por indústrias nacionais. A indústria que crescia era uma indústria protegida por incentivos fiscais, subsídios e uso de divisas das exportações para as importações de insumos, de máquinas e equipamentos. Muito dessas divisas vieram das exportações de café, cacau, açúcar, sisal, borracha, dentre outras matérias primas. O uso das divisas serviu ainda mais para elevar as desigualdades regionais. O Sudeste, que já tinha se beneficiado tanto das imigrações da Europa como das inter-regionais, foi o local onde o capital mais se concentrou. Era dada a lógica de que o capital vai para aonde é maior a taxa de lucro, devido ao grande mercado consumidor. Desde os anos de desbravamento da região Centro-Oeste, a partir do Plano de Metas do governo JK, de 1956, mais a construção de Brasília, a indústria pesada, a de máquinas e equipamentos, a automobilística, a química, a petroquímica, a de fertilizantes se desenvolveram enormemente, desenvolvendo e adaptando novas tecnologias. A partir dos anos de 1970, o governo irá mais ainda promover o Plano Safra, credito para a produção rural, qual seja de estimular o grande capital do agronegócio a modernizar-se, em grandes plantações na região Centro-Oeste. Pouco a pouco a indústria veio perdendo participação no PIB. Em 1990, o governo Collor fez a grande retirada de proteções industriais e começou o processo de privatizações. Assim, acelerou-se o processo de queda da produção industrial no PIB nacional. Em 2018 estava por volta de 11% esta relação.

A tese de doutorado em economia de Paulo Cesar Morceiro na USP, concluída em 2018, veio demonstrar um aspecto ainda mais negativo. A indústria que está encolhendo é a mais dinâmica, a de alta tecnologia. A mesma espécie de indústria que fizeram nos Estados Unidos, Japão, Coréia do Sul e a China, o grande progresso a que chegaram. Os cinco segmentos de industrialização mais sofisticados ingressaram nos anos de 1980 com uma participação de 9,7% do PIB e em 2016 estavam em 5,8% do PIB, conforme estudo em referência. Quer dizer, antes do País atingir o deslanchamento industrial, os segmentos mais dinâmicos estão se recolhendo. Enquanto isto, o agronegócio avança no PIB, chegando a perto de 24% dele, mais a pequena produção familiar de 10%, voltando o País a ser, o que fora de 1500 a 1930, um país baseado no setor primário e exportador.

Face ao exposto, fica ainda mais difícil o País crescer a taxas mais altas do que aquelas que têm obtido, estando o Brasil na armadilha da renda média, que não lhe permite chegar ao grupo dos países desenvolvidos.

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