17/04/2019 - EQUIPE ECONÔMICA PLANEJA CONTRA SI
Entra governo e sai governo e fica difícil entender como é
que aparece equipe econômica que planeja obter resultado contra si mesma. Dessa
vez trata-se da remessa da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) ao Congresso,
feita pela Secretaria da Fazenda do Ministério da Economia. Nela a previsão é
de déficit primário em todo o governo de Bolsonaro. Inclusive, em 2020 a
estimativa é de déficit ainda maior do que o previsto para este ano. Um
contrasenso, visto que, em campanha eleitoral do ano passado, o Ministro da
Economia, Paulo Guedes, afirmou que iria zerar o déficit primário em 2019. Em
resposta a indagações, o Secretário da Fazenda, Valdery Rodrigues, afirmou que
os dados foram projetados como conservadores, não levando em conta a aprovação
da reforma da Previdência e a privatização da Eletrobras. Ora, já está
admitindo a derrota no Congresso, a priori.
Para este ano admitem um déficit primário de R$110 bilhões.
Para 2020, de R$124,1 bilhões. Para 2021, de R$68,5 bilhões. Para 2022, de
R$31,4 bilhões. Está aí a admissão de fracasso para o ajuste fiscal. Déficits
primários ficaram inadmissíveis por 16 anos, de 1998 a 2013, quando foi honrado
o tripé econômico de superávit primário, meta de inflação e câmbio flutuante. A
economia ficou nesse período relativamente equilibrada. Em face das projeções
acima, o País poderá ter nove anos sucessivos de déficit primário (2014-2022).
Em conseqüência, não haverá mais recursos para novos investimentos em
infraestrutura, tão carentes pelo País; a relação dívida pública sobre o PIB
passará de 80%, em elevado grau de vulnerabilidade; muito provavelmente o PIB,
se crescer, crescerá baixo, fazendo com que o País não seja considerado um país
desenvolvido; haverá descrédito do Brasil e este não retomará o grau de país
seguro para investimentos externos, o que ocorreu de 2008 a 2014.
Referido secretário fazendário declarou à imprensa: “À medida
que tivermos ações de ajuste fiscal, esses resultados serão melhorados”. Espera
ele contar com a devolução de recursos por parte do BNDES, que foram lá
alocados pelo governo de Dilma. O governo negocia, segundo ele, o recebimento
de R$126 bilhões do BNDES ainda neste ano. Estima com o mega leilão de poços de
petróleo do pré-sal, mediante bônus de assinatura, que gerarão receitas de R$106
bilhões. A propósito, o Ministro Paulo Guedes já se comprometeu em dividir o
dinheiro do leilão com Estados e Municípios.
Em suma, o discurso tem sido mal feito e mostra falta de
lançar mão de dados promissores e não assustar consumidores e investidores, sem
os quais não poderá haver crescimento econômico.
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