21/02/2019 - FECHAMENTO DA FORD EM SÃO BERNARDO




A indústria automobilística, juntamente com a indústria da construção civil, são os maiores complexos empresariais, formadores de mão de obra direta e indireta. Fala-se que, em ambos, por cada emprego direto são gerados dez indiretos. Talvez pesquisas pontuais, assim, revelaram. Claro que são geradoras de muitos empregos e suas influencias são básicas para o crescimento econômico. Ainda que não seja a relação 1 para 10, no contexto em geral, ambas as indústrias são intensivas em mão de obra e em muito contribuem para o PIB.

O anunciado fechamento da fábrica da Ford, em São Bernardo, São Paulo, que vem produzindo caminhões e carro modelo Fiesta, marcará o esvaziamento da região produtora da grande São Paulo, chamada de ABC. A região começou a despontar nos anos de 1950, no governo de Juscelino Kubistcheck (1956-1060), quando foi criado o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), marco da vinda das montadoras, somente com tal papel, ao País. Não havia ainda o conceito de que elas seriam fabricantes nacionais. Máquinas e equipamentos foram importados para serem montados aqui, conforme permitia a Instrução 113 da SUMOC, de 1955. É bem verdade que tais conjuntos de equipamentos eram usados e não pagavam impostos, mas, por outro lado, eram cobiçados por muitos outros países. Em torno das automobilísticas surgiu uma imensa indústria de autopeças. O parque industrial catalisou enorme contingente populacional e economias de aglomeração empresarial.      

A Ford informa que serão fechados 3 mil postos de trabalho, visto que é preciso na América Latina ser “um importante marco no retorno à lucratividade sustentável”, com o fechamento, porque a venda de caminhões, modelos Cargo, Fiesta, F350 e F4000, vêm dando prejuízos e existe insegurança jurídica das suas operações. O fechamento das marcas da Ford marca o início do esvaziamento do ABC, segundo as comunidades locais. Hoje as montadoras de automóveis estão distribuídas em várias unidades federativas do País, onde obtêm também incentivos fiscais. Ela estará fora dos mercados dos modelos em tela. O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, mostrou-se surpreso com o anúncio, dizendo que isso vai retirar o trabalho de 4,8 mil famílias. O presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo informou que serão perdidos 27 mil empregos. Os trabalhadores entraram em greve.

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