07/02/2019 - PIOR PREGÃO EM OITO MESES
Bolsa é sempre uma surpresa. Os ciclos diários têm solavancos
e geralmente os mais fortes são os de baixa, tal como ocorreu ontem. A bolsa de
valores obteve o pior pregão em oito meses. Recuou 3,74%, sendo a maior queda
depois da greve dos caminhoneiros de maio do ano passado. O principal motivo
foi devido aos vacilos da equipe do governo, com respeito ao projeto de lei
complementar sobre a reforma da Previdência. Falou-se muito, não se apresentou
o projeto de lei e gerou confusão com muitas opiniões desconexas. Defendeu-se a
idéia de que a aprovação seria rápida e ainda vai aguardar-se que o presidente
da República se recupere e tenha a última palavra. A bolsa de São Paulo, que se
avizinhava de 100 pontos, voltou a próximo de 94 mil. Em 28 de maio a queda
tinha sido de 4,49% com a grande paralisação dos transportes no Brasil. Entretanto,
houve outro motivo do cenário internacional. O presidente Donald Trump, dos
Estados Unidos, fez forte discurso no seu Congresso, reiterando a criação do
muro, separando do México e ameaçando paralisar pagamentos, conforme fez por
cerca de um mês, há poucos dias. Na verdade, o mercado, que acreditou há dois
dias que a reforma da Previdência poderia ser aprovada em três meses, ficou
pessimista e não acredita que será aprovada até o final do ano. A lembrança se
reportou a Michel Temer, que, depois de denunciado pelo grupo JBS, paralisou a
sua proposta, que até hoje lá está (há 20 meses). O IBOVESPA vinha de uma alta
de 11% desde janeiro. A bolsa já vinha bastante esticada e houve uma realização
de lucros, fato que ocorre de tempos em tempos, por parte dos especuladores. Mas,
quando, sempre é uma surpresa.
Por seu turno, na primeira reunião do ano do Banco Central, a
taxa de juros básicos da economia ficou mantida pela 10ª vez em 6,5% anuais,
não indicando se haverá mudança nela neste ano. A economia está muito fraca
ainda. A inflação está abaixo de 4% ao ano e as expectativas ainda fazem grande
volatilidade.
O novo governo continua com dificuldades de comando, bem
diferente do governo de Lula, em 2003, que fez um pacto de governo de coalizão,
instituindo desde antes, o chamado mensalão. Ou seja, a compra de congressistas
por parte do Executivo. A gestão de Bolsonaro prometeu acabar com tal política
de compras de votos e executar um governo dirigido por técnicos e profissionais
competentes. Até agora isto está em promessas, visto que o Ministro da
Economia, Paulo Guedes, está acreditado, dizendo que a reforma da Previdência
poderá gerar uma economia de R$1 trilhão, em dez anos, o que acabaria com os
déficits primários sucessivos, voltando aos superávits, visto que os déficits
já vem há cinco anos. Porém ainda não se conhece a sua proposta em detalhes. Guedes
pretende discutir o assunto, ainda no dia 20 deste, com os governadores. Isto
deixa o mercado volátil e a bolsa subiu muito e desceu muito. Os primeiros cem
anos de gestão já consumiram 37 dias e a situação está ainda indefinida, quanto
à reforma mais aguardada, que é a da Previdência.
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