12/12/2018 - NÚMEROS DE DELFIM NETTO
Antônio Delfim Netto foi Ministro da Fazenda na etapa do
milagre econômico dos anos de 1970, durante o governo do general Médici, depois
embaixador em Paris. Retornou como Ministro da Agricultura, em 1979, mas se
tornou de novo Ministro da Fazenda, em 1980, no governo Figueredo. Deixando de
servir ao regime militar, pelo fim daquela era, a quem serviu durante os 21
anos. Candidatou-se a deputado federal, exercendo mais de um mandato. Depois se
aposentou e se tornou consultor econômico. Escreve a cada 15 dias na Folha de
São Paulo e produz uma literatura desde a sua tese de doutorado, em 1957. Tem
87 anos.
Nesta quarta feira, em artigo na Folha, Delfim faz um diagnóstico
do que Jair Bolsonaro encontrará: “Par entender minimamente a enorme gravidade
da situação fiscal em que o País foi metido, de 2013 a 2016, é preciso lembrar
que: 1º) o voluntarismo da política econômica produziu uma recessão que reduziu
o PIB per capita, em média, 3% ao ano; 2º) o déficit fiscal cresceu de 2,3% para
9% do PIB; 3º) a relação dívida pública/PIB saltou de 52% para 70% do PIB; e, 4º)
o superávit primário passou de 2,3% para um déficit primário de 2,5% do PIB,
uma inversão de 4,8% do PIB.
Assim, o governo de Jair Bolsonaro, que conquistou uma
vitória espetacular e a confiança do mercado, “terá de pedir ao Congresso é a
aprovação de sua organização administrativa... poderemos ter um crescimento do
PIB em torno de 3%. Ele começou a recuperar-se graças à política econômica de
Temer: 1% em 2017 e alguma coisa como 1,5% em 2018... Isso sugere que em 2019
poderemos ter um PIB nominal de 7,5%. Como para 2018 ele é estimado em R$6,8
trilhões, deverá atingir qualquer coisa em 2019 como R$7,3 trilhões em 2019...
O tamanho de desequilíbrio fiscal, como vimos, é da ordem de 4,8% do PIB, o que
significa que há a necessidade de R$350 bilhões para cobrir o ‘buraco’... ele
dificilmente era concluído sem uma aprovação nos primeiros meses de uma reforma
da Previdência razoavelmente crível, talvez parecida com a proposta de Temer,
que já se encontra com uma discussão avançada na Câmara”.
Delfim não prossegue com as outras reformas necessárias. A
propósito, os R$350 bilhões do déficit consolidado, calculado por Delfim, poderá
ser coberta com um processo rápido de privatização, conforme tem acenado a
equipe econômica de Bolsonaro.
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