16/06/2018 - BOM PARA OS ESTADOS UNIDOS BOM PARA O BRASIL




O ex-ministro das Relações Exteriores, Juraci Magalhães, que foi um dos interventores na Bahia, em 1930, nomeado por Getúlio Vargas, depois governador da Bahia, em 1950, eleito pelo voto popular, disse em 1964: “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Selava-se o alinhamento automático brasileiro com o imperialismo americano. Porém, as diferenças são enormes, na forma de crescer e de comportar-se. Nem sempre o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.

Atualmente, a economia americana vai de vento em popa. O seu PIB se aproxima de 3% ao ano, o que é muito para uma economia abastarda. A sua inflação está dentro da meta de 2%. Os seus juros básicos recentemente foram elevados para 1,75% a 2% ao ano. Como a economia americana está muito aquecida, os juros básicos previstos para elevar-se até 3,4%, no ano de 2021, prospecta o FED. Em tese, o Brasil pode sair ganhando com o bom desempenho dos USA. Porém, não é bem isso.

O que o Brasil poderia ganhar mais seria com as exportações para lá. No entanto, o presidente Trump elevou a alíquota para 20% para o aço e 10% sobre o alumínio. O Brasil e outras nações venderão menos essas matérias primas e derivadas, acarretando perdas no comércio mundial. Por outro lado, o Brasil perdeu o selo de qualidade do seu mercado financeiro. Portanto, além de juros básicos de 2%, soma-se a taxa do risco do País de 2,75%. Assim, 4,75%, em cima de dólares é considerado custo elevado em termos globais. Esses 4,75% é o mínimo para a tomada de empréstimos externos. Ademais, com os juros se elevando nos Estados Unidos, os dólares estão saindo do Brasil, indo para lá, encarecendo o seu preço no mercado interno. Some-se a isso a fraqueza do governo de Michel Temer, que padece de letargia, comprometendo o que até agora o que ele fez. Em suma, existe um receio generalizado de que o País volte à recessão recente, até porque o novo presidente terá de fazer o ajuste fiscal, visto que há enorme déficit primário.

A propósito, a recente greve dos caminhoneiros provocou uma onda de prejuízos e já há analistas falando que está havendo um desmonte da recuperação econômica, encetada desde 2017. Assim, o novo governo terá que ser criativo, trazer autoridade e confiança dos consumidores e dos investidores.

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