14/06/2018 - IMPREVISIBILIDADE ECONÔMICA E POLÍTICA
O governo de Michel Temer tem ainda seis meses de duração. No
seu primeiro ano, de maio de 2016 a abril de 2017 tentou as reformas do caos
econômico deixado por Dilma Rousseff. Ou seja, ela deixou o tripé da economia
aos pedaços. A inflação subiu acima da meta de inflação mais o viés de alta
(6,5%) e alcançou mais de 10%; o câmbio fez o dólar disparar, acima de R$4,00,
e o superávit primário se transformou em mega déficit primário, depois de 16
anos de superávit. As reformas que Temer realizou foram: a trabalhista (de
curto prazo), a do ensino médio (de longo prazo) e conseguiu aprova a lei do
teto de gastos públicos. A inflação caiu, em direção ao centro da meta e até
ficou abaixo dela. A taxa de juros básica, a SELIC, se reduziu de 14,25% para
6,5%. O câmbio se estabilizou. Porém o déficit primário cresceu mais ainda.
Isto no primeiro ano. No seu segundo ano, de maio a abril deste ano, as
delações premiadas do grupo JBS, um dos maiores nacionais, trouxe denúncias que
envolveram o presidente Temer, recuando, por se enfraquecer no Congresso, das
reformas da Previdência, da reforma tributária, não conseguindo concluir o
ajuste fiscal e não conseguiu restabelecer o grau de investimento perdido em
2015, justamente porque até gora não fez direito o que seria o ajuste fiscal,
nem as reformas. Nem o mercado acredita que fará.
A imprevisibilidade política, perante dois candidatos
destacados nas pesquisas (Bolsonaro e Ciro), que não se comprometem com as
reformas estruturais referidas, nem tem soluções propostas para o ajuste
fiscal, coloca o País também em imprevisibilidade econômica. O dólar disparou e
se estabilizou na casa de R$3,70. Não deverá cair, visto que os Estados Unidos elevaram
as taxas de juros de seus títulos públicos, a segunda deste ano e promete fazer
mais duas ainda neste exercício, atraindo dinheiro que estava no Brasil e em
outros emergentes. Não sobe mais o dólar porque o País tem um colchão de
dólares de 380 bilhões. Portanto, se Temer recuperou uma base do tripé, o de
sistema de metas da inflação, perdeu a base cambial, que parecia ter
restabelecido e a mantêm com intervenção “suja” do Banco Central. Por outro
lado, aprofundou o déficit primário. Em decorrência disso, a confiança da
sociedade, de consumidores e empresários diminuíram. A pesquisa Datafolha do
dia 11 passado, mostrou que se elevou para 72% o número de brasileiros que
acreditam que a situação econômica piorou.
Enfim, a inflação começou a subir para chegar próximo a 4%, a
taxa SELIC poderá ficar em 6,5%, mas a economia crescerá menos de 2%. Vale
dizer que Temer tirou o País da recessão, porém só o levou a crescer 1% em 2017
e repete a dose de também um pouco mais de 1% para 2018.
Comentários
Postar um comentário