09/06/2018 - INTERVENÇÃO DO ESTADO NO CÂMBIO




Quando as transações com moeda estrangeira são do aumento vertiginoso do dólar, ou seja, quando desestabiliza as negociações, o Banco Central ingressa nele vendendo dólares do seu estoque de aproximadamente US$380 bilhões. Faria o contrário se o dólar baixasse desorganizando os mercados de moeda. Na verdade, há pouco tempo atrás o dólar comercial estava em R$3,35. Há dois dias foi vendido por R$4,00. Então, o Banco Central ingressou vendendo mais de US$2 bilhões ontem e o dólar recuou para R$3,70. Recuo médio de 5,35% em um único dia. Poderá baixar mais, visto que o Banco Central prometeu vender US$20 bilhões até o próximo dia 15. As operações de venda de dólares são contrato futuros de venda de dólares, chamada de swap. Ele vende dólares para tantos dias, forçando baixa de preços. Quem os compra são os grandes donos de dinheiro no mundo, que acreditam que os dólares são reservas que estão se valorizando, devido ao bom desempenho da economia dos Estados Unidos. Quando o dólar sai assim da normalidade dos mercados, as importações ficam mais caras e se refletem nos aumentos de preços, trazendo de volta a inflação importada.

Referida intervenção do Estado no câmbio é chamada de intervenção suja, vez que o Estado altera o mercado de moedas, tendo muitos ou poucos especuladores nele.

Poderia o Banco Central (BC) ter realizado reunião extraordinária, para elevar os juros básicos da economia, conforme fez em outras oportunidades. Mas, não o fez por que tem grande colchão de reservas e tem a esperança de que juros baixos da SELIC estimulem a produção e não as aplicações financeiras. O xerife de moedas mundiais, o Fundo Monetário Internacional (FMI), elogiou a atuação do BC. Elevar juros será para conter a saída e até atrair capitais estrangeiros.

Desde o Plano Real que o câmbio vem tendo observação diferenciada do BC. No início, o câmbio era fixo, no primeiro governo de FHC, mas tinha duas bandas cambiais, para cima e para baixo, fixadas pelo BC. Depois de 1999, tornou-se flutuante. A atuação do BC se daria por excepcionalidade, vendendo ou comprando contratos futuros de dólares (swaps).

No ano de 2002, a ameaça de eleição de Lula levou o dólar a R$4,00, pelo receio que tinham os capitalistas pelas propostas programáticas do PT. Porém, Lula fez a Carta aos Brasileiros, prometendo respeitar contratos. Iniciou seu governo em 2003 e o dólar foi caindo até R$1,56. Depois retornou ao seu crescimento flutuante. Se tomar-se a cotação do dólar de 2002, atualizado pelo IPCA, este seria hoje R$7,00. Enfim, o dólar de hoje está cerca da metade do receio da era Lula, antes que começasse.

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