24/12/2014 - DISFUNÇÃO SALARIAL
Nas águas turvas das denúncias de
corrupção dentro da Petrobras, o episódio da ex-gerente Venina Velosa da
Fonseca adquiriu ares de estupefação. No domingo, dia 21, ela apresentou
depoimento ao programa Fantástico da TV Globo, no qual afirmou que a diretoria
da estatal e o conselho de administração tomaram conhecimento, desde 2009,
quando a funcionária esteve com a atual presidente Graça Foster,
comunicando-lhe irregularidades na área de comunicação da diretoria de Abastecimento,
quando foram constatadas despesas de R$58 milhões sem justificativa. Para a
presidente, a funcionária estava entristecida e preocupada com o que via na sua
área. Porém, sem ser clara em seus comunicados. No entanto, Venina disse no
Fantástico que as irregularidades eram de vários tipos, como pagamento de
serviços não prestados, contratos superfaturados, pagamentos de comissões.
Foster, disse que “Vi a Venina extremamente emocionada e muito triste. Havia
uma ruptura entre ela e o diretor Paulo Roberto Costa”, o qual tem feito
denúncias de corrupção em sua delação premiada.
Dentre outros comentários, graça
Foster afirmou que Venina sempre “foi de muito trabalho e determinada”, que não
foi “afastada” do Brasil para Cingapura, tampouco foi “assediada”. Confirmou o
inusitado, que Venina em Cingapura tinha uma remuneração de R$167 mil, muito
mais elevada do qualquer dirigente da empresa. A presidente da Petrobras afirma
que a ex-gerente da estatal pediu para ir para Cingapura pela remuneração. Além
do mais, suas duas filhas ficaram no Rio de Janeiro, onde a estatal pagava seus
estudos particulares. A revelação é surpreendente, dado que uma funcionária do
segundo ou terceiro escalão ter tão bons vencimentos. Trata-se de grande
disfunção salarial, praticada dentro das estatais. O valor de R$167 mil
corresponde a mais de 230 salários mínimos. Por que isto? A Petrobras precisa
de uma investigação acerca também de tão altos salários, inúmeras vezes maior
do que o próprio presidente da República, que não percebe nem R$30 mil, isto é,
menos de 20% do referido.
Recentemente, o ex-ministro Jorge
Hagge se demitiu da Controladoria Geral da União (CGU) arguindo exatamente o
fato de que a CGU não consegue abrir a “caixa preta” das estatais.
Similarmente, como no caso da Petrobras, estão para ser auditadas mais de 1.610
obras públicas, 1.450 acompanhadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e 160
paralisadas por falta de projeto básico, conforme declarações do ex-presidente
do TCU, Augusto Nardes, de agosto, próximo passado. Enfim, dinheiro público
neste País precisa ser melhor observado.
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