18/12/2014 - RISCO DE CONTÁGIO RUSSO




Na medida em que as contas nacionais se deterioraram em todo o primeiro mandato da presidente Dilma, a equipe econômica “culpou” a continuidade da baixa resposta da economia internacional, quando a média de crescimento mundial, projetada pelo FMI, de 2011 a 2014 se situou por volta de 3%. No período em referência, os países que tiveram baixa recuperação foram os da União Europeia, cuja repercussão dela não foi grande no País, visto que os principais parceiros brasileiros são a China, crescimento acima de 7%; Estados Unidos, em franca recuperação, por volta de 2%; no citado período. Logo, a explicação foi equivocada, dado que as maiores influências no Brasil são dos grandes países emergentes e dos Estados Unidos. As deficiências do mau desempenho brasileiro se deveram mesmo por questões internas, de falta de uma boa gestão econômica, de 2011 a 2014.

Neste ano, o preço do petróleo recuou de US$110.00 para menos de US$60.00. Por exemplo, o do tipo Brent está por volta de US$59.00. Desconfia-se que a Arábia Saudita comandou tamanha baixa, dentro do cartel da OPEP, aliada dos Estados Unidos. A economia da Rússia tem em suas receitas internacionais mais da metade de recursos oriundos do petróleo e gás. Devido à anexação da Criméia ao território russo e ao conflito demorado na Ucrânia, os Estados Unidos têm feito sanções comerciais à Rússia. Assim, além de faltarem ingresso de divisas naquele país, bem como toda vez que um país se ressente delas, ingressa em sérias dificuldades, potencializadas pela fuga maciça de investidores. A desvalorização da moeda russa, o rublo, portanto, já desceu 54% neste ano. Os investidores dos emergentes também estão temendo o impacto possível de elevação dos juros dos Estados Unidos, que deverá retirar investimentos de países emergentes, dado que sua economia está forte e poderá crescer por volta de 3% no próximo ano. Neste ano, quase que certamente chegará perto deste número. O mercado financeiro internacional está temeroso de uma “guerra” entre os emergentes, para deixar seus retornos de juros mais atraentes.

Acontece no momento a pior crise financeira na Rússia, em 16 anos, quando ela decretou a moratória, em 1998. Naquela época, a economia brasileira foi arrastada, para em 1999, o País desvalorizar em patamares elevados a moeda Real, trocar o câmbio fixo por flutuante, eleger o sistema de metas de inflação, definir rigoroso mecanismo de superávit primário. Nem assim o Brasil deixou de sofrer ataque especulativo, levando suas reservas a baixarem quase a zero, tendo o Brasil de recorrer à ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional. Por enquanto, a crise russa assusta, tendo o dólar comercial saltado para R$2,76, a maior cotação desde março de 2005. Já os investidores estão apostando em elevação da taxa SELIC, visando atrair capitais internacionais, de 11,75% para 12,5% em 2015. É bem verdade que, diferente de 1998, quando as reservas estavam por volta de US$60 bilhões, hoje se encontram por volta de US$400 bilhões, sendo um colchão amortecedor de uns quatro anos de necessidades para fechar o balanço de pagamentos, cujo déficit externo se encontra em 4% do PIB ou perto de US$90 bilhões. Dessa forma, o ano que vem, terá que ser de reajuste significativo, mediante reformas econômicas, para que o Brasil volte a crescer sustentavelmente, depois de dois anos.

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