16/12/2014 - FLUTUANDO FORA DA REALIDADE



Pedro Simon, de 84 anos, deixa agora o Parlamento, após 60 anos de vida pública ilibada. Saiu, berrando que a presidente Dilma é um ponto fora da curva de virtudes, entregando-se à chantagem, declarou guerra à oposição e vive fora da realidade, segundo ele. São suas palavras: “O que acontece na Petrobras é algo inconcebível”. “O relatório da CPMI do Marco Maia vai marcar indelevelmente a biografia do PT”. “Enquanto isso, como se nada estivesse acontecendo, a presidente da República continua brincando de montar ministério e até hoje não demitiu a presidente Graça Foster”. “A presidente não está amarrada pelo PT, ela está é flutuando, fora da realidade”. Em seu discurso de despedida arremata: “A demissão do ministro Jorge Hagge, que comandou a Controladoria Geral da União com eficiência e honradez, foi uma bofetada”. “Há um mês ele vinha pedindo uma audiência com a presidente para relatar coisas gravíssimas que vinham acontecendo e precisavam de providências”. “Ela nunca se dignou a recebê-lo”. “Ele, então, escreveu a carta de demissão e mandou tudo para o inferno”. Em suma, Simon é a experiência e a lucidez e deu conselhos à presidente para tentar fazer um pacto com todos os partidos. Ela acenou para o diálogo, logo após ser reeleita. Porém, na prática, fecha-se no Palácio do Planalto e a economia brasileira está estagnada.

O seu comportamento se assemelha ao de Fernando Collor, em 1992, quando os escândalos pipocavam e ele mantinha a postura de que não havia nada demais. Nem mesmo, na semana passada, após o Ministério Público Federal (MPF) dizer que há um “clube” para fatiar obras públicas. Ela não se pronunciou. O cartel denunciado pelo MPF, ao todo 16 empresas, fraudando licitações, corrompendo agentes públicos e desviando recursos da Petrobras. Mas, o conjunto é ainda maior: são 22 empreiteiras, 6 delas serão ainda denunciadas.

Um dos procuradores do MPF, Deltan Dallagnol informou que “Essas investigações se inserem dentro de um imenso esquema de corrupção. Dentro dele, empreiteiras se organizaram em cartel e em um clube para corromper funcionários públicos de alto escalão da Petrobras”. Trouxe o referido procurador um dado novo: “eram pagos valores que correspondiam de 1% a 5% do valor total dos contratos bilionários”.

Iniciando a semana, ontem, dia 15, mais uma bomba estourou no mercado de ações, quando a auditoria internacional PwC tornou público de que não assinara o balanço trimestral da Petrobras, previsto para ser assinado no dia 14/11, por conter fortes erros. As ações da estatal caíram por volta de 10%, o pregão fechou; reaberto, recuperaram-se, mas caíram outra vez 10%, quando o pregão fechou novamente. Ações da Petrobras hoje valem o quanto valiam dez anos atrás, em 2004. O recuo traz prejuízos fortes a toda a economia brasileira, por contágio. Pior, ainda, na bolsa de Nova York, os recibos de ações da Petrobras caíram mais de 12%, o menor preço desde 2003. Enquanto isto, comenta-se que “a presidente sumiu”. Até quando ficará aparentemente em posição “de avestruz”, que, ao contrário do que se pensa, a ave coloca o ouvido e não enterra a cabeça, visando orientar-se; a ave não está se escondendo.

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