12/06/2013 - MODELO ESGOTADO
Após a Constituição de 1988,
a democracia brasileira se consolidou. No entanto, herdou do sistema
autoritário a Medida Provisória (MP), que deveria ser a exceção, mas é a regra,
principalmente para tratar de assuntos econômicos, devido a entrar
imediatamente em vigor, tendo 90 dias para ser aprovada pelo Congresso, mas que
pode ser reeditada, mediante nova capa. Entretanto, somente com o Plano Real, de
1994, a economia veio se estabilizando, ficando, em poucos anos com inflação civilizada,
em um dígito, aproximando-se, na maioria dos anos, a 5%. O modelo econômico
definiu um tripé nas políticas monetária, cambial e fiscal, vale dizer, meta de
inflação, cambio flutuante e superávit primário para pagar a dívida pública. Os
governos de FHC, de Lula e de Dilma seguiram a mesma cartilha ortodoxa. Na sua
execução, baseou-se nas carências brasileiras relativas ao consumo, estimulando
a formação de empregos, implicando em redução da alta taxa de desemprego para
um desemprego civilizado, crédito farto e estímulos para o consumo, sejam
mediante a elevação real do salário mínimo, redução de tributos dos gastos
correntes e redução da capacidade ociosa. FHC começou a obter melhores resultados,
desde o embrulho inflacionário e da dívida pública, problema que freiou a
economia brasileira desde 1979. Lula obteve melhores resultados ainda. A
presidente Dilma, no entanto, encontrou o modelo no seu ponto de ruptura. Não
dá mais para estimular a demanda global sem impulsionar o crescimento da oferta
agregada.
As provas estão aí, como uma
enxurrada. Desde 2011, o crescimento econômico tem sido medíocre e vem
piorando. A inflação ameaça subir da casa de 5% e já está próximo de vazar a
casa de 6%. São altos os comprometimentos da renda familiar com pagamento de
prestações de dívidas. A balança de pagamentos vem se deteriorando a cada mês.
Para completar, políticas voltadas para reduzir margens de lucro nos segmentos
financeiro, elétrico, de mineração e petrolífero, afugentaram investimentos,
reduzindo o crescimento da oferta de produtos e serviços. A prova disso é que,
recentemente, o governo elevou a taxa de retorno dos investimentos ferroviários
e aprovou a nova lei dos portos. O caminho começa por aí, visando reverter à
ótica de que agora é necessário estimular primeiro a oferta global e depois a
demanda agregada. A prova está aí, havendo pesquisas de insatisfação com a
condução pífia da economia, na qual a presidente tem um enorme ministério de 39
titulares, aos quais não recebe nem 20 por mês para despachar, às dificuldades
políticas da presidente com a sua base aliada e os gastos públicos exagerados,
muito maiores do que o crescimento da oferta.
Assim, no sábado passado, de
uma só vez a popularidade do governo da presidente Dilma caiu 8%, de 65% para
57% e está abalando, ou melhor, exigindo a mudança no modelo político (reforma
política) e no modelo econômico (reformas urgentes, prometidas e não
cumpridas).
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