DÉFICIT PRIMÁRIO REESTIMADO
Mesmo antes de assumir, em dezembro de 2022, o atual governo
negociou com o Congresso uma Proposta de Emenda Constitucional para fazer face
aos gastos sociais e sua ampliação, no valor estimado na época em R$140 bilhões.
Depois de 2014 e até 2021 existiram déficits primários sucessivos. Foram oito
anos seguidos de pressões no orçamento público e pressões de ordem
inflacionária, visto que os gastos públicos puxaram para cima a demanda
agregada. Em 2022, houve superávit primário. Porém, o recente recriado Ministério
do Planejamento tinha estimado no início do ano um retorno a déficit primário
estimado em R$228,1 bilhões.
Entretanto, as medidas de elevação da arrecadação e da
revisão dos gastos públicos anunciado pelo referido Planejamento, até agora,
deverão fazer cai o citado déficit estimado para R$107,6 bilhões, equivalentes
a 1% do Produto Interno Bruto (PIB).
O documento que orienta a execução do orçamento pelo
Ministério do Planejamento é o relatório Trimestral de Avaliação de Receitas e
Despesas, que é publicado a cada dois meses. O relatório trouxe também um
contingenciamento (bloqueio) de R$910 milhões nos gastos discricionários (não
obrigatórios). Citado bloqueio poderia ser maior se o governo federal não
tivesse revisado para baixo as estimativas das despesas obrigatórias em R$9,7
bilhões.
Referido relatório elevou em R$110 bilhões a projeção de
arrecadação. A principal mudança veio da elevação da estimativa do tributo
COFINS, mediante R$54,6 bilhões extras, relativos à reoneração de tributos recentemente
feita.
A conjuntura econômica atual é de muitas dificuldades. Taxa básica de juros elevada, mantida ontem em 13,75%, pelo Banco Central, repique entre as demais taxas de juros de mercado, retração da produção em geral, além de estimativa de que a economia brasileira está perto da estagnação. Cenário externo também é de dificuldades, visto que ontem mesmo o Banco Central dos Estados Unidos elevou a taxa básica de juros em 0,25%, indo para 5,00% ao ano e o Banco Central Suíço também elevou citada taxa em 0,50%. Economistas consultados pelo Banco Central semanalmente desde o ano 2.000 estimam um PIB deste ano crescendo 0.88%. É muito pouco para a retomada que se requer, até porque os gastos públicos, na sua maioria não são de investimentos e não tem muitos efeitos multiplicativos na economia nacional.
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