CURVA DO PIB DESCENDENTE

 

A divulgação, pelo IBGE, de que o PIB do quarto trimestre de 2022 fora de – 0,22%, levando o PIB de 2022 para 2,9%, quando as previsões mais recentes eram de que finalizasse o exercício em 3,1%, demonstrou que o PIB deste ano de 2023 está em curva descendente. A estagnação está presente e a recesso no radar, para os mais pessimistas, visto que a inflação está estável, em patamar por volta de 13% ao ano. Por seu turno, o go verno federal está indo de encontro à autonomia do Banco Central (BC), ao pressionar para que baixe os juros básicos da economia, a SELIC, mesmo sabendo que é pressão, mas não é ordem, quando outrora era dependente o BC.

As estatísticas setoriais colhidas pelo BC o fazem declarar que não baixará a SELIC no curto prazo e somente no final do ano iniciará o ciclo de baixa, segundo suas estimativas, devido aos sinais evidentes de uma persistente taxa inflacionária alta.

Assim, o ruído no aparelho econômico, levando à retração dos investimentos, do índice da bolsa de valores e das expectativas do mercado, por estatísticas colhidas semanalmente pelo BC, não têm gerado um quadro otimista. 

Segundo o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad: “A razão evidente é que houve uma reação do Banco Central às atitudes do governo anterior no período eleitoral, que ensejou o aumento da taxa de juros e que explica essa desaceleração. Tudo que nós estamos fazendo agora é para reverter esse quadro para que o Brasil possa retomar uma curva ascendente de crescimento do PIB. Nós estamos em uma curva descendente agora”. Reconhece então o governo que a SELIC influencia, para cima, as taxas de juros de mercado, retraindo a atividade econômica e não a estimulando, conforme apregoa a teoria econômica convencional.

Referido ministro disse que não trabalha com expectativa de recessão, mas tem pressionado indiretamente o BC a reduzir a SELIC, de uma “maneira institucional”, em relação à autoridade monetária. Está dizendo indiretamente que não pode mandar o BC baixar a taxa básica de juros. Por seu turno, admite: “Todo mundo conhece minha opinião sobre política fiscal e monetária. A cada entrevista reitero meu posicionamento. Há uma grande oportunidade neste ano de reverter esse quadro de desaceleração sem prejudicar a população de baixa renda”.

Assim, a posição do BC continua sendo ortodoxa. Isto é, só crendo que os juros altos é que levarão à baixa da inflação, enquanto a posição de Haddad é heterodoxa, de que o governo continuará com sua política fiscal de elevar gastos públicos, “sem prejudicar a população de baixa renda”, gastos públicos que irão levar à déficit primário, já admitido pelo governo neste ano, o que continuará mantendo alta a taxa inflacionária.

É a típica situação conhecida como “sinuca de bico”, em que encestar a bola não pode ser casual e que exige uma boa política econômica. Uma boa política econômica exige uma reforma tributária, logo de início. Difícil de fazer e que está prometida para este ano, para vigorar no próximo ano. Em tese, pelo menos doze meses de baixo crescimento.

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