29/12/2017 - CARGA TRIBUTÁRIA EXCESSIVA
Há muitos estudos sobre a carga tributária em relação ao PIB.
Alguns a colocam em 34%, outros em 35%, outros em 36% do PIB. A Receita Federal
a coloca por volta de 32% do PIB. Por certo não inclui, por exemplo, taxas que
são cobradas amiúde pelos municípios. De qualquer maneira é excessiva. Ou seja,
cerca um terço da riqueza do País vaza para os governos sob a forma de
tributação. A Constituição de 1946 disciplinou tributos e a carga tributária
era de 16% do PIB. De lá para cá eles cresceram cerca do dobro. A razão, sem
dúvida, é o forte custo da dívida pública também crescente nestes anos todos,
em relação ao PIB. O próprio orçamento público a ser executado coloca cerca 50%
para honrá-la. Desde a Independência, que o País já nasceu devendo e a dívida
governamental não para de crescer. Em certos momentos de sufoco o governo
federal fez moratória, sem êxito, em reduzi-la no tempo.
A Receita Federal divulgou estudo no qual a carga tributária
atingiu em 2016 o maior patamar desde 2013. Chegou a 32,38% do PIB. Foi o
segundo ano consecutivo em que a carga se elevou. A arrecadação de tributos
somou R$2,02 trilhões em 2016, ao tempo em que o PIB alcançou R$6,3
trilhões. Referido aumento da carga está
mais elevado devido a lei da repatriação de ativos brasileiros no exterior.
Sozinha, ela garantiu a arrecadação de R$23,5 bilhões, de multas e de pagamento
de imposto de renda. O dinheiro foi utilizado, em parte, para o governo cumprir
a meta fiscal de 2016, quando o rombo ficou em R$154 bilhões, aliviando a meta
do déficit primário aprovado de R$170 bilhões. Conforme a série histórica do
Ministério da Fazenda, que começa em 2002, o nível mais alto da carga anterior foi
de 31,37%, registrado em 2013, conforme cálculos da Receita Federal.
A arrecadação cresceu de 2015 para 2016, em razão também do
aumento do IRPJ, da CSLL e do IRPF nos municípios. Os tributos que incidiram
sobre bens e serviços, como ICMS e IPI acompanharam o desempenho negativo da
economia. No ano passado a arrecadação do governo federal somou R$1,38 trilhão,
representando 68,27% do total, com uma queda de 0,09%. A trajetória da redução
da participação da União continua. Os Estados arrecadaram R$514 bilhões, ou
seja, 25,4% do PIB, mediante redução de 0,01%. Os municípios, ao contrário,
aumentaram a participação em 0,11%, respondendo por 6,34% do total arrecadado
em 2016, no valor de R$128,4 bilhões.
A questão relevante é: que negócio rende líquido mais de 32%?
Legalmente é difícil encontrar. Imensa
maioria nem chega perto de 12%. A taxa básica de juros cheia rende 7% ao ano. O
comércio se contenta com 5% anuais. A taxa real de juros da economia está pouco
acima de 3%. Não é de estranhar que Donald Trump, neste final de ano, fez com
que o Congresso aprovasse uma redução de tributos das empresas de 35% para
cerca de 20% ao ano. Os capitalistas agradecem e a economia americana promete
recuperar a sua participação no PIB mundial, hoje menor do que 25%, mas que nos
anos de 1940 alcançava cerca de 40% do PIB.
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