COMPLEXOS ECONÔMICOS DA FORD
Há cerca de um século no Brasil, a Ford Motors começou vendendo seus primeiros protótipos de automóveis no final do século XIX, quando também decidiu montar uma cidade no centro da região amazônica, no início do século XX, propulsora da exploração de borracha, matéria prima para a produção de pneus. A cidade de Fordlândia foi um fracasso, pelas condições ambientais desfavoráveis e porque a borracha sintética substituiu paulatinamente a borracha natural. A direção em seguida foi instalar uma fábrica de automóveis em São Paulo, beneficiando-se do processo de substituição das importações de veículos. Baseada no Brasil, a Ford era mais importadora de veículos do que montadora deles, sendo um grande negócio de ela importar mais automóveis e vendê-los no País do que aqui produzi-los. Para montá-los ela contou com subsídios do governo de São Paulo e do governo central. Por volta de 80 anos no País, resolveu montar também um complexo automotivo na Bahia. Há poucas décadas comprou também o complexo dos carros Troller no Ceará.
Neste mês de janeiro de 2021, a Ford decidiu retirar-se dos três complexos instalados no País. As repercussões negativas são enormes. A decisão alegada pela montadora em referência é de que estaria obtendo prejuízos no Brasil e iria manter fábricas em outros países da América Latina, tal como a Argentina. Os carros da Ford não estavam agradando também como antes estavam. Porém, ninguém é menino. A principal razão é de que os governos municipal, estadual e federal não estão lhe dando mais tantos subsídios materiais, fiscais e financeiros. Para ter-se uma ideia dos privilégios, na cidade baiana de Camaçari, a Ford tem ainda um porto particular, não permitindo que outra montadora que queria se instalar na Bahia pudesse usá-lo.
Conforme levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (DIEESE), as demissões da Ford no País podem significar uma perda potencial de mais de 118.864 postos de trabalho, somando-se empregos diretos, indiretos e outros induzidos pelos citados complexos. Cálculos do DIESSE dão conta de que a perda salarial estimada seria de R$2,5 bilhões anuais, bem como uma queda da arrecadação de tributos de R$3 bilhões por ano.
Consoante ainda o DIEESE, Em 1980, a Ford empregava diretamente 21.800 funcionários. Em 1990, tinha 17.578 empregados. No ano 2000, 9.153. Em 2020, tinha 6.171 funcionários, sendo 4.604 em Camaçari (BA), 830 em Taubaté (SP) e 470 em Horizonte (CE). Fica, então, claro que a Ford estava já há várias décadas perdendo mercado dos seus veículos, assim como tendo incentivos retirados e reduzidos.
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