RISCO DE HIPERINFLAÇÃO

26-11-2020


Há 15 dias que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, fez uma declaração forte de mau desígnio. Ou seja, de o País correr o risco de hiperinflação porque não está conseguindo resolver a situação de desequilíbrio fiscal, no caso de não conseguir refinanciar a dívida pública. A reação dele foi exagerada, assim como no início do governo se referiu ao fato de chegar ao fim do primeiro ano com déficit primário zero. Na verdade, desde 2014 que o Brasil voltou a ter déficit primário e, nesse ano, devido às medidas adotadas de combate à pandemia do covit-19, o rombo federal se aproximará de R$850 bilhões, quando forem fechadas as contas do governo central. Não poderia ser diferente haja vista que o desemprego de muitos milhões de brasileiros obrigou o governo a fazer o auxílio de emergência, além de financiamentos às empresas, renúncias e postergações fiscais e queda da arrecadação, para atingir um contingente de 67 milhões de brasileiros, mediante doação de dinheiro vivo. Não fora isso, os resultados seriam desastrosos para a população, mas o foi para o governo federal, que viu sua dívida interna crescer para além de restabelecimento do equilíbrio fiscal e postergá-lo para 2027, nas previsões oficiais.

Por sua vez, ontem, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, declarou que a fragilidade das finanças públicas é grande. Se o governo não conseguir atingir a disciplina fiscal, para a convergência da dívida pública de longo prazo, o Brasil pode caminhar para desorganização do sistema de preços. De certa maneira, o País vem enfrentando um recrudescimento de preços, em razão da demanda externa por alimentos, o que levou a exportação e subir os preços por aqui, além de que a redução das atividades econômicas levou a escassez de matérias primas e produtos de embalagem. Referidas preços têm levado às elevações inflacionárias. O presidente do BC revelou ainda ser muito difícil manter os juros baixos com as finanças públicas descontroladas. Na condição de autoridade monetária, o BC tem considerado que a elevação inflacionária de setembro e outubro, principalmente, é temporária. De que não se deve impressionar com a inflação de curto prazo. Mas, olhá-la para o longo prazo e o BC tem condições de controlá-la. A demanda global gerada pelo poder de compra do auxílio emergencial poderá cessar no final do ano e a pressão nos preços poderá ser arrefecida. Assim, Campos declarou ontem em entrevista ao SBT: “Qualquer saída que for percebida que não gere uma convergência fiscal vai ter uma reação adversa e podemos ir para o caminho da desorganização de preços, como câmbio desvalorizado, curva dos juros subir ainda mais, o prêmio do risco do Brasil subir ainda mais”.

 

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