15/05/2020 - SELIC ZERO GOVERNO EMITIRÁ MOEDA (OU ANTES)




O Ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou na semana passada que, depois que a inflação baixou muito, levando a cortes maiores da SELIC, como o fez o Banco Central, voltando de 0,5% para 0,75% na última reunião, o governo poderá emitir moeda. A SELIC estava em 3%. Isto surpreendeu o mercado. Ademais, o BC anunciou que, na próxima reunião do dia 17 de junho poderá reduzir a SELIC em 0,75%, levando-a a 2,25%. Mantendo o ritmo de cortes atual, no final de outubro a SELIC será zero. É isso que o governo quer mesmo? Ou emitirá moeda logo agora? É o que parece, visto que não tem gerado caixa para pagar os gastos correntes, haja vista que tem duas semanas de atraso para pagar a segunda parcela do auxílio emergencial, tendo-o pago a mais de 50 milhões de cidadãos e há ainda muitos milhões que nada receberam. Além do mais está no cenário também pagar a terceira parcela do referido auxílio. A cada pronunciamento do Tesouro Nacional se fala em aumento do déficit primário. A sua previsão agora é de fechar o ano em R$600 bilhões de rombo. Está no radar do governo fazer redução de tributos para as empresas não quebrarem em série e em maior quantidade. A recessão, em direção à depressão no cenário atual, tem mostrado a inflação bem abaixo do centro da meta. O mercado financeiro, consultado pelo BC, aponta para inflação de 1,8% neste ano e de 3,25% em 2021.

Do acima exposto, a política monetária segue em um sentido e a política cambial em outro. Ambas feitas pelo BC. Quer dizer, A SELIC caindo, o dólar continuará subindo. Isto porque ajustes na SELIC afugentam capitais internacionais, tendendo a elevar a taxa de câmbio. O dólar já bateu um recorde nominal de R$5,90 ontem, embora fechando o dia em R$5,81. Especialistas do mercado se referem a que o dólar nominal pode subir ainda nas próximas semanas para R$6,50; outros, R$7,00; os mais especulativos para R$7,50. Referidas projeções especulativas tem em vista o dólar real, ajuste inflacionário do dólar de 2002 para hoje, que estaria em R$7,90.

Por oportuno, o artigo de hoje, na p. 3 da Folha de São Paulo, de Luiz Carlos Bresser Pereira (Ministro da Fazenda de Sarney, que fez o Plano Bresser; mais duas vezes ministro de FHC), indaga “Afinal, emitiremos dinheiro para lutar contra o covid-19?” Subtítulo: “Não precisam ter medo: prática não aumentará a dívida pública”. Pelo contrário. Ele é favorável. Parece que a saída do executivo será essa mesmo. Como se comportarão o Congresso e o STF (legislativo e judiciário)? No artigo, Bresser procura desmitificar que a velocidade da moeda é constante, numa crítica à teoria quantitativa da moeda (MV = PY). Logo, emissões de moeda (M) elevariam continuamente a inflação (P), já que diferentes níveis de produção não os acompanhariam.

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