04/02/2020 - BOLHA NA BOLSA




Alguns analistas do mercado financeiro, inclusive o presidente do Banco Santander, Sérgio Rial, aduziram ao fato de que haveria uma bolha na bolsa de valores, na semana passada. Ou seja, o fato de ter subido 32% em 2019, enquanto a economia brasileira deve ter crescido 1,2%, dá margens amplas de desconfiar-se da bolsa de valores nacional. Após seis anos de marasmo, o IBOVESPA triplicou de valor desde 2016. A expectativa da maioria dos analistas e dos investidores é que a escalada continue nos próximos anos. Os ciclos nela são de fortes valorizações, sucedidos de fortes desvalorizações desde pelo menos 1970. Ninguém sabe quando começa ou quando termina. O fato é que a taxa básica de juros, a SELIC, está em 4,5% anuais, um nível baixíssimo, já que a inflação está por volta de 4% ao ano. Há ainda aqueles que acreditam que a reunião desta semana ainda fará a taxa SELIC recuar para 4,25% ao ano. Sem opções de ganhos reais, muitos investidores correram para a bolsa de valores. Em quatro anos, o número de investidores se elevou em 200%. Porém, somente 1% da população brasileira faz negócios em bolsa. Por outro lado, o capital estrangeiro tem saído em massa da bolsa brasileira. Estaria aí um indício de que a bolha da bolsa estourou? Ou o cenário para 2020 é favorável e haverá espaço para novas altas? Bolsa é negócio de longo prazo e os riscos são grandes.

Tecnicamente, existe um indicador muito adotado a relação preço/lucro (P/L). Em outras palavras seria o payback da ação. Ou seja, o período de tempo em que retornaria o investimento. De outra forma, quantos anos se levariam para recuperar o capital investido. A relação do P/L médio no Brasil está em 18, considerando as 70 maiores empresas. Nos Estados Unidos o P/L médio está em 21,3 anos, conforme o indicador do SP-500, índice das 500 maiores empresas dos EUA.

Para quem acredita em bolha, o indicador bateria em 120 mil e retornaria a 90 mil pontos. Já chegou a 119 mil e está por volta de 114 mil. Para os investidores que acreditam que o Brasil está longe de uma bolha, o IBOVESPA chegaria até 140 mil pontos neste ano.

John Maynard Keynes encarava a bolsa de valores como o local especulativo e morreu rico assim o fazendo. A sua máxima era: “eu vendo quando todos compram e compro quanto todos vendem”.

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