22/02/2018 - EMBRULHO FISCAL
Historicamente, os poderes constituídos no Brasil, sob as
formas de diferentes governos, sempre mantiveram o gigantismo. Foi assim na
Colônia, no Império, na República Velha, no Estado Novo, na República Velha, na
Ditadura Militar e na Nova República. A gastança sempre esteve presente e para
mantê-la existiu e existe a sanha fiscal. No episódio da Inconfidência Mineira,
a revolta seu deu pela cobrança repressiva da lei do quinto do ouro, no século
XVIII, quando a carga tributária era de 25% do PIB. No século XIX, Dom João VI
deixou os cofres vazios, ocorrendo a segunda grande crise tributária. Na
primeira metade do século XX, a Constituição de 1946 pontificou o sistema
fiscal. Naquela época a carga tributária estava por volta de 16% do PIB. Na
segunda metade do século XX, nova sistemática foi instituída, pela Constituição
de 1967, que levou a carga tributária a 25% do PIB. O Estado Autoritário de
1964-1984 foi destronado pela forte crise fiscal, da dívida externa e da
inflação acima de 100% anual. A carga tributária ficou no final em 30% do PIB.
De 1985 a 1983, o governo central tentou resolvê-la, mas não conseguiu. FHC, ao
editar o vitorioso Plano Real, teve na sua primeira fase a reforma fiscal, com
a criação do IPMF e da DRU. Deixou FHC, em 2002, ela em 32%. Os governos do PT,
de 2003 a 2015, elevaram-na para 36% do PIB. Em 2015, Dilma tentou fazer o
ajuste fiscal e não conseguiu. Temer a substituiu e não resolveu (e não
resolverá) o déficit primário. Desde 2014, de – R$20,5 bilhões; em 2015, de –
R$116,6 bilhões; em 2016, de - R$159,5 bilhões; em 2017, de – R$129 bilhões
(previsão); em 2018, de – R$159 bilhões (previsão). Em 2019, tudo indica que o
seu orçamento terá também um mega déficit primário (a estimativa é de entregar
o orçamento até final de agosto).
O fato concreto é que, perante a economia, começou-se a
estabilização monetária em 1994, concluída praticamente em 2018, quando o
governo começou a obter superávit primário, que se prolongou por 16 anos. O
problema é que, o PIB do período de 1998 a 2017 obteve a média aproximada de 2%
anuais, conforme dados do IBGE, enquanto “o gasto público teve crescimento
médio de 6% ao ano, em termos reais (blog diário de ontem, de Miriam Leitão, no
jornal O Globo)”. Ora, a recessão instalada desde o segundo trimestre de 2014 e
que se encerrou em dezembro de 2016, aprofundou o enorme desajuste fiscal,
passando a dívida pública sobre o PIB, por volta de 50%, para acima de 70%.
Desde que Temer assumiu em 2016, ele colocou grande parte da culpa no crescente
rombo da Previdência, mediante apoio da maioria do Congresso Nacional e das
agências internacionais de risco para crédito. Porém, sem dois terços do
Congresso (308 votos), o governo central abandonou, por enquanto, a reforma
previdenciária, prolongando as dificuldades de gestão e de melhoria na
recuperação econômica. Provavelmente, o problema do déficit fiscal será pior em
2019, nos braços do novo governo federal que será eleito. Um imenso embrulho
fiscal.
Comentários
Postar um comentário