21/02/2018 - PLANEJAMENTO, PLANO A E PLANO B
No longo período de 1949 a 1979, o Brasil realizou planos de
desenvolvimento, qual seja o planejamento estratégico de cada governo, de
acordo com os recursos disponíveis, nacionais e externos. O Plano Salte (1949-1953)
contou com as Comissões Mistas Brasil/Estados Unidos, tendo este último financiado
a venda de máquinas e equipamentos de suas empresas, através do Eximbank. O
Plano de Metas (1956-1960) se utilizou da Instrução 113 da SUMOC, que permitia
importações de máquinas e equipamentos para a indústria, principalmente a
automobilística, além da construção de
Brasília, as quais turbinaram o crescimento econômico. Veio o regime militar, o
PAEG (1965-1967), instaurando as bases capitalistas. O PED (1968-1970) passou a
contar com enorme apoio de capitais externos e o Brasil iniciou a fase do
“milagre econômico”. Sucedeu-se uma década no qual o País cresceu por volta de
10% ao ano, cujo maior facilitador era o financiamento externo via Resolução 63
do Banco Central, semelhante à Instrução 113 da SUMOC. Porém, bem mais ampla. Assim,
de 1949 a 1979 o Brasil foi o País que mais cresceu no mundo. Por volta de 6%
ao ano, em média. Porém, os choques do petróleo (1973 e 1979) levaram o País à
crise da dívida externa e ao aperto fiscal, resultando em abandono do
planejamento estratégico. A inflação ultrapassou 100% e o governo passou só a
fazer programas de estabilização inflacionária, mesmo os chamando de planos,
tais como foram o Cruzado, o Cruzado II, o Verão, o Collor, o Collor II e o Real.
O Brasil abandonou o planejamento estratégico desde os anos de 1980 e jamais
retornou a ele. Por conseguinte, passou a usar o Plano A. Um conjunto sucessivo
de “pacotes” econômicos, que se iniciaram ainda com o último presidente da
ditadura e permaneceram os “pacotes” até agora. O mais bem sucedido deles foi o
Plano Real, implantando nova moeda, estabilizando a economia e gerando
superávit fiscal, a partir de 1998. Porém, em 2014, depois de 16 anos, voltou-se
aos déficits primários, crescentes e assombrosos, e o governo Temer só pode
esboçar um Plano B.
Michel Temer o máximo que conseguiu foi retornar à
estabilidade da moeda, baixar os juros, sair da forte recessão, realizar a
reforma trabalhista e empacou na reforma da Previdência e nos déficits fiscais
crescentes. Agora, neste seu último ano de governo, confirmou que fará o Plano
B, conjunto de 15 medidas econômicas, conforme a seguir: (1) PIS/COFINS –
reforma e simplificação tributária; (2) Banco Central – aprovar projeto que dá
autonomia; (3) Licitações e contratos – alterar o marco legal; (4) Finanças
públicas - criação de nova lei sobre o assunto; (5) Remuneração dos servidores
– regulamentação de tetos remuneratórios; (6) Eletrobras – conclusão do
processo de privatização; (7) Agências reguladoras – fortalecimento da atuação;
(8) Depósitos espontâneos dos bancos – para dar liquidez ao sistema financeiro;
(9) Folha de pagamentos – reduzir a desoneração nela incidente; (10) Estatais –
programa para reduzir prejuízo das empresas; (11) Cadastro positivo – ampliar
ingresso de consumidores; (12) Duplicata eletrônica – facilitar a execução de
fatura; (13) Distrato – facilitar processo de cancelamento dos contratos; (14)
Telecomunicações – modernizar a lei geral do setor; (15) Fundo soberano –
extinção do fundo destinado ao pré-sal. Tais medidas já praticamente foram
examinadas pelo Congresso e tem fortes resistências de aprovação. Para ainda
mostrar como o governo federal não está seguro e atira em várias direções, o
Ministro do Planejamento se referiu que a que ficou ainda de fora da pauta de
ontem (16) o adiamento do reajuste dos servidores, suspenso por liminar, que
ainda vai ser julgado pelo pleno do STF; (17) a mudança na tributação dos
fundos exclusivos e (18) a alteração da alíquota previdenciária dos
funcionários públicos.
O presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, afirmou
que “A apresentação da pauta econômica pelo governo foi um equívoco e um
desrespeito”, ele que é aliado de Temer e o segundo na sucessão presidencial.
Assiste-se a um último ano de governo a fazer improvisações, que têm altos
custos econômicos e sociais.
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