21/02/2014 - REVISÃO DO ORÇAMENTO




Não existe somente direção crítica da atual política econômica nesta coluna, haja vista que a sua direção mantém corretamente a política de estabilidade da economia brasileira, iniciada há cerca de 20 anos, com o Plano Real. Isto é, a luta para que a inflação não saia da casa dos 5% ao ano. Porém, no campo do planejamento estratégico, também nestes 20 anos, encontra-se a maior carência. Até ontem o governo mantinha um orçamento com previsão de uma taxa de crescimento do PIB de 3,8%, em 2014. Mas, somente com 50 dias de governo, reduziu abruptamente sua expectativa para 2,5%, cortando R$44 bilhões em seus gastos previstos. A contração de 1,3% corresponde por volta de 35% da esperança de progresso, o que mostra o desnorteamento que vem tendo a atual gestão no seu último ano de mandato.

Em entrevista no dia anterior, a Miriam Leitão, na Globonews, o ex-secretário geral do ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, cotado para substituir Guido Mantega, em provável segundo mandato da presidente Dilma, afirmou que sua previsão para este ano é de crescimento de 1,5% do PIB.

Voltando aos cortes, estes atingiram mais as emendas parlamentares (outra área de atrito que a presidente vem tendo), em R$13,3 bilhões. Em seguida R$7 bilhões de obras do PAC, o que realmente desacredita o governo em crescer sustentavelmente, visto que o PAC já vem mal assistido e ainda tem grande corte. Depois, R$3,5 bilhões para o ministério da Defesa, bem como R$1,5 bilhão para o ministério da Fazenda, sendo o restante de R$18,7 bilhões pulverizados pelos outros ministérios. Claro, na educação, saúde, programas sociais, ciência e tecnologia não existirão cortes.

O descontentamento é muito grande com a política econômica. Em encontro no dia 19 deste mês, na residência oficial do presidente da Câmara, Henrique Alves, empresários de algumas das maiores empresas brasileiras fizeram ataques à atual gestão da economia. A principal queixa dos capitalistas foi à ausência de um canal aberto de negociação com o Palácio do Planalto. Outras queixas são sobre o estilo intervencionista da presidente Dilma, da morosidade nas decisões dos investimentos nacionais e na desconfiança que o Brasil tem gerado na comunidade internacional. Os empresários até acenaram com “volta, Lula”, reconhecendo que o ex-presidente tem mais jogo de cintura do que a atual mandatária.

Economista de oposição, Eduardo Gianetti da Fonseca, acredita que o erro da atual gestão brasileira é de administrar o País com bolsas, tendo caráter discriminatório. Bolsa família para os pobres. Bolsa BNDES para os ricos, isto é, crédito seletivo, bom, de longo prazo e barato.

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