20/02/2014 - MOTORES NOVOS




O modelo econômico de qualquer governo é aquele que procura atender a demanda da sociedade de bens, serviços e importações deles (DA = PIB + M, onde DA = demanda agregada; PIB = conjunto de bens e serviços; M = importações de bens e serviços), através da oferta agregada (OA = C + G + X, onde OA = oferta agregada; C = consumo global; I = investimentos privados; G = gastos do governo; X = exportações). A forma de crescer é dada pela estabilidade das instituições e pela indução do governo, a quem cabe efeitos aditivos e multiplicadores do sistema econômico, previsões anuais e trianuais dos orçamentos públicos, que envolvem, de um lado (o dos créditos), receitas tributárias e, de outro (o dos débitos), gastos públicos em despesas correntes e em infraestrutura. Em seguida, cabe aos capitalistas confiar na ação governamental e acelerar o investimento.

Após a estabilidade econômica do Plano Real (1994) seria necessário o retorno do planejamento de quatro anos, isto é, o de um mandato presidencial. Porém, o presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) se defrontou com a crise do México, depois a dos tigres asiáticos e o da Rússia, na última década do século XX, continuando com o planejamento de curto prazo, crescendo em todo período o País por volta de 2,3%, mediante políticas monetária, cambial e fiscal ortodoxas. O presidente Lula, surpreendentemente, visto que faria e aconteceria, seguiu o receituário de FHC. Entretanto, a economia mundial ingressou em fase de grande crescimento. Logo, surfando na onda, Lula se aproveitou da grande capacidade ociosa existente, no crédito restritivo e nos inibidos programas sociais, para expandir ao limite de segurança a capacidade instalada, na expansão do crédito ao consumo e para a construção habitacional, nos incrementos de verbas expressivas para os programas sociais e na grande redução do desemprego. Perante aquele quadro, o período de Lula cravou taxa média de crescimento econômico de médio anual de 4%. O atual mandato da presidente Dilma (2011-2014) se defrontou com o modelo adotado pelo Lula como esgotado em suas possibilidades de crescer a 4%. Portanto, a presidente Dilma tem feito crescer o PIB por volta de 2%, menos do que o da era de FHC. Não mudou praticamente a essência e aumentou a máquina pública.

Nos últimos anos, a inflação está acima da meta, os juros básicos continuam a subir por mais de um ano, existindo crescente déficit nas contas externas. Indagado sobre isto, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, refere-se a que Brasil precisa descobrir “motores novos”. Assim, declarou à revista Exame, datada de 19-02-2014: “Precisamos qualificar a mão de obra... destravar os investimentos e resolver os gargalos de infraestrutura para ampliar nossa capacidade de crescer sem pressionar a inflação. Podemos enxergar este momento como uma oportunidade de nos ajustar e aumentar a produtividade da economia”. Ora, sem reformas econômicas e sem planejamento de quatro anos não chegará a lugar melhor do que o insuficiente, que é o atual.

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