MANTIDOS JUROS ALTOS

22-05-2023


A reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, no encontro da primeira semana deste mês (a próxima será 45 dias depois), manteve mais uma vez os juros elevados, na casa de 13,75% ao ano. Os juros altos são prejudiciais à economia brasileira. Para os economistas ortodoxos, eles são sim, mas é o melhor remédio para combater o processo inflacionário. Para os economistas heterodoxos, os juros altos se combatem com a intervenção do governo no Banco Central. Porém, no Brasil, o Banco Central é independente, por força de lei, como acontece nos países ditos desenvolvidos.

O conhecido ortodoxo da Universidade de Chicago, Milton Friedman, ganhador sozinho de um Prêmio Nobel de Economia, que é anual, trazendo na maioria das vezes até três vencedores, defendeu, desde os anos de 960, que a inflação se combate com juros, visto que a economia sempre se encontra no dilema entre poupar ou investir.

 Vencedor também do Prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, que fora assessor do presidente democrata dos Estados Unidos, Bill Clinton, entre 1997 e 2000, no ano seguinte recebeu referido prêmio, afirmou, em seminário no BNDES, em março deste ano, que a política de juros do Brasil é contraproducente e equivale a uma sentença de morte à economia nacional. Para ele: “Há 40 anos de evidências de que o neoliberalismo é segregador de riqueza; o crescimento da desigualdade torna óbvio que é necessário criar alternativas às políticas monetárias”.

Um dos pais do Plano Real, o economista André Lara Resende, abriu o painel do BNDES sobre a experiência internacional. Ele disse que a crise das economias avançadas em 2008 e o pós-pandemia forçaram a revisão das teorias macroeconômicas. São suas palavras: “As políticas fiscal e monetária não podem mais ser concebidas como independentes; para retirar o País da estagnação, é necessário conceber que o Estado é parte do projeto, não há como suprimir o Estado. Não existe capitalismo sem um Estado competente”.

Dessa forma, a questão é de que a política econômica não deve ser somente monetária, deve ser também fiscal e cambial, conforme apregoou John Maynard Keynes, em seu conjunto. Pelo menos, até agora, a política monetária está ortodoxa. Já a política cambial a segue e a política fiscal não passa no Congresso, via reforma estrutural.

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