VINTE ANOS DEPOIS
O presidente do Banco Central em 2003 era Henrique Meirelles,
que vê semelhança deste ano de 2022 com 2002. Na época como agora a inflação estava
bastante elevada. As causas que eram e são diferentes. Em coluna no jornal
Estado de São Paulo de hoje, Meirelles afirma que a inflação que estará em vigor
em 2023 é causada pela política fiscal frouxa e pela desorganização das cadeias
produtivas. Em 2003. No primeiro ano do governo Lula, a alta da inflação se
devia à elevada taxa cambial. Isto é, os preços das importações em alta contaminavam
a inflação local.
Sabe-se que a inflação importada corresponde a cerca de 30%
da inflação brasileira. O preço do dólar estava alto porque havia grande
desconfiança do mercado quanto ao que o ex-presidente Lula dizia que iria
realizar, mesmo com a “carta aos brasileiros” dele de que iria respeitar os contratos.
Meirelles é hoje Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo
e está de olho nas eleições, acreditando que o seu antigo chefe poderá ganhá-las.
O discurso de Meirelles é de que no ano que vem o governo
federal vai ter de fazer uma austeridade fiscal, em um mundo que se vê ameaçado
de recessão global. Ele visualiza que os bancos centrais pelo globo estão
aumentando as taxas de juros, visto que as economias estavam superaquecidas,
refletindo na explosão inflacionária, a que não se via a cerca de 40 anos.
Em suma, desde 2014 que o Brasil tem déficit primário. O grau
de endividamento se elevou muito, principalmente nos gastos públicos que se
sucederam, para combater os efeitos do isolamento social, no enfrentamento à
pandemia do covid-19.
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