26/07/2020 - FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO
O que é melhor: endividamento público ou emissão monetária? Em
artigo de hoje, na Folha de São Paulo, Armínio Fraga, economista renomado, que
já exerceu a política econômica no País, no governo FHC, depois de deixar a
equipe do mega investidor George Soros, reconhece que o Brasil hoje está com
menor grau de endividamento externo, menos sujeito a ataque monetário
especulativo, quanto àquele sofrido no segundo mandato de FHC, em 1999, que
levou o País a recorrer ao financiamento do FMI e submeter-se à cartilha
ortodoxa daquela Instituição. Ele não acredita que a solução para o problema
seja fazendo emissões de moeda. Estas pagam juros internos. Para ele, emitir
moeda é uma forma de endividar-se. Tampouco, o crescente endividamento público,
via títulos de crédito ou equivalentes, por via escritural, que levará a um
limite insuportável de pagamento do principal da dívida, mesmo estando taxas de
juros básicas próximas de zero. Na atual depressão econômica mundial, segundo
ele, os dois caminhos defendidos opostamente por economistas, esgotam-se no
longo prazo da crise, a qual para ele ultrapassará o ano de 2020. Assim não vê soluções
que não o aumento da carga tributária e a realização das reformas estruturais
no longo prazo.
De fato, a reforma previdenciária já passou e o marco legal
do saneamento básico. Depois de 19 meses o governo federal enviou seu projeto
de reforma tributária, a qual deverá ter intenso debate no Congresso. Já há um
anteprojeto na Câmara de Deputados e outro no Senado, os quais são aspirações
antigas, bem como deva ser reconhecido de que uma reforma tributária abrangente
é tão difícil, sendo a última realizada pela Constituição outorgada de 1967. Já
a reforma do Estado o governo central ainda não enviou. Consta que há um
projeto no gabinete presidencial para remessa ao Congresso Nacional, já há
bastante tempo. Por seu turno, os leilões de concessões e as privatizações
caminham a passos de cágado.
Não sem motivo, que o presidente Jair Bolsonaro mudou seu
discurso político a mais de um mês, para formar uma base congressual, saindo da
extrema direita para o centro político (centrão). Sem êxitos nas reformas a economia
não atrairá investidores e, portanto, pouco ou nada crescerá. No seu primeiro
ano de governo cresceu 1,1%. Neste segundo ano, enfrentando a pandemia do novo
coronavírus, o País ingressou em forte recessão, prevista pelo mercado, como
acima de 6%. Para o ano que vem está também previsto crescimento acima de 3%.
No conjunto de três anos, a estimativa do mercado é que o saldo do PIB poderá ser
negativo.
O mercado referido aqui é principalmente o financeiro,
baseado em previsões de cerca de 100 instituições financeiras, auscultadas
semanalmente pelo Banco Central.
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