INFLAÇÃO DE OFERTA E INFLAÇÃO DE DEMANDA
A discussão é antiga, gigante e interminável, quanto à
inflação, se é de oferta agregada ou de demanda agregada. Relembrando, a oferta
global compõe-se do PIB mais importações; a demanda global compõe-se do consumo
das famílias, dos investimentos privados, dos gastos do governo e das
exportações. Destaquem-se três posições: economistas que acreditam que ela é de
demanda; economistas que acreditam que é de oferta; economistas que acreditam
que é de oferta e de demanda. O fato é que, se a demanda é maior do que oferta
há inflação. No contrário, há deflação. Inflação pequenininha é boa, como dizia
Ignácio Rangel; inflação acima de 3% ao ano é preocupante e deve ser combatida;
inflação acima de um dígito é recessiva ou tende a levar a isto.
No Brasil, o governo federal atual está mais para acreditar no
lado da oferta agregada. O Banco Central (BC), independente por lei federal, acredita
que é basicamente de demanda agregada. Logo, o BC se reúne de 45 em 45 dias,
havendo hoje uma coincidência proposital com a reunião do BC dos Estados
Unidos. Aliás, os BCs do mundo todo se reúnem periodicamente, no curto prazo,
em datas diferentes. O cerne da questão reside na elevação, manutenção ou
redução da taxa básica de juros, aquela que sinaliza a remuneração dos títulos
públicos.
A teoria econômica comprova que juros altos desestimulam a
economia e juros baixos a estimulam, porque há quase sempre a possibilidade de
discutir se se deve poupar ou investir. No primeiro caso, a economia fica
branda, desaquecida ou até mesmo pode ir para o lado negativo. No segundo caso,
ocorre o oposto.
O fato é que o presidente do Banco Central atual conduz a
prática da maior taxa nominal e também real da economia brasileira, acreditando
que com isso dominará o processo inflacionário. Mais que isso, trará a inflação
para níveis confortáveis. Até agora, parece que está conseguindo, mas, devagar,
muito devagar. Isso enfurece o outro lado referido aqui, que protesta e tenta
apressar o processo.
Roberto Campos Neto, presidente do BC, referiu-se em reunião
de ontem com empresários, que “queremos fazer isso, combater a inflação, com o
mínimo de dano à economia. A inflação é um imposto maligno, que incide muito
mais sobre quem tem menos recursos”. Dizendo que a inflação não é só de oferta,
visto que os preços sobem pela escassez de produtos, referiu-se a que “O
consenso entre os bancos centrais é que existem componentes de demanda”. Ele
demonstrou que, quando a inflação é de dois dígitos, como acontece na Argentina
e na Turquia, a desigualdade social caminha a “passos largos”. Em síntese, para
a recessão econômica. Ele afirmou que em momentos de dois dígitos, o País
sofreu bastante e não quer isto retorne.
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