TRABALHO NOTÁVEL
Alberto Ramos é o diretor de pesquisa macroeconômica para a
América Latina, do Banco Goldman Sachs. Na sua avaliação do Banco Central do
Brasil, este tem feito um trabalho notável no combate à inflação, fazendo com
que a economia brasileira tenha um pouso suave. Isto é, que a economia brasileira
se organizou, para poder voltar a crescer em bases estabilizadas. Ramos afirmou
ao jornal Valor Econômico ontem que cerca de um ano de uma taxa mantida em
13,75%, prs combater um processo inflacionário que esteve em dois dígitos, está
obtendo o êxito perseguido. Vale dizer que o País está fazendo o dever de casa
antes dos países desenvolvidos do hemisfério Norte. Ou seja, a inflação
brasileira chegou a ficar menor, no seu combate do que nos Estados Unidos e do
que os países do mercado comum europeu. Algo inédito.
São suas as palavras a seguir: “Claramente, o BC resolveu
fazer uma suavização e distender o processo de convergência da inflação para a
meta. Quando a inflação atingiu dois dígitos, para trazer a inflação para a
meta no final deste ano, o BC teria de dar um choque de juros, um arrocho de
juros monumental. Iria derrubar a economia, validar uma mega recessão, com
impacto no mercado de trabalho e social profundo. Acelerar a convergência me
parece que teria um custo econômico e social muito elevado. Então, o BC decidiu
colocar a política monetária num campo claramente restritivo e garantir essa
convergência em um cenário de 18 meses, de 6 a 8 trimestres. Muitas das
críticas ao Banco Central acho que não procedem. Se a autoridade quisesse
colocar a inflação na meta no fim deste ano, na marra, teria de dar um arrocho
nos juros acima de 20%”.
Na reunião que está acontecendo hoje e amanhã no BC, as
indicações são de que irá se iniciar o ciclo de baixa da SELIC. A maioria das instituições
financeiras, auscultadas pelo BC se referiram a um corte de 0,25% para a SELIC.
O início do ciclo de baixa da taxa básica de juros deverá ser gradual,
parcimonioso.
Tanto Jair Bolsonaro em seu último ano de governo (2022)
promoveu a desoneração dos combustíveis, assim como Lula fez também o mesmo em
2023. Isto trouxe paulatinamente a inflação para perto do centro da sua meta de
política econômica. Em 12 meses, a inflação recuou para um pouco mais de 3%.
Então, os juros não deverão ficar tão elevados e é esperada a reação do BC na
atual reunião.
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